sexta-feira, 13 de maio de 2016

MEDITAÇÕES NO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER - (PERGUNTA 5) - Professor Pádua


Como temos estudado, o homem para ser salvo e andar como tal precisa conhecer Deus. Jamais teremos conhecimento correto da salvação tendo noções distorcidas do Deus que salva. A descrição confiável do Senhor é revelada graciosamente por ele mesmo nas Escrituras Sagradas.

Daremos seqüência ao estudo meditando nas qualidades de Deus apresentadas na resposta 5 da pergunta do Breve Catecismo:

1. Único Deus

Deus é único, singular, exclusivo. Não há outro além dele. Todos os outros seres têm existência por causa dele e nele (Ex 15.11; Dt 6.4; 32.39; Sl 86.8).  Ele é o Altíssimo Deus. “Exaltado está o Senhor acima de todas as nações, e a sua glória sobre os céus. Quem é como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas? O qual se inclina, para ver o que está nos céus e na terra!” (Sl 113.4-6).

Deus é tão grande que ninguém é como Ele. Não há nenhum ser em todo o mundo que possa ser comparado a Deus. Portanto, só a ele devemos adoração (Mc 12.29-32).

2. Deus vivo

A Bíblia fala do nosso Senhor como Deus vivo. A afirmação de que o Pai “tem a vida em si mesmo” não é uma figura de linguagem, mas uma declaração do próprio ser de Deus. Por possuir vida em si mesmo, Deus é a fonte de vida para todas as suas criaturas. Pedro confessou ser Jesus filho do Deus vivo (Mt 16.16). Paulo declarou que a Igreja é do Deus vivo (I Tm 3.15). As fórmulas de juramento do Antigo Testamento declaram também essa realidade: “Assim como o Senhor vive.”; “Como Deus vive.”; “Assim como vive o Deus de Israel”.

Os deuses pagãos e os ídolos não possuem vida. Eles não podem auxiliar as pessoas. Não podem sequer auxiliar a si mesmos, porque são deuses mortos. Jeremias declara: “Suas imagens esculpidas são uma fraude, eles não têm folego de vida (...) Nossos antepassados possuíam deuses falsos, ídolos inúteis, que não lhes fizeram bem algum.” (Jr 10.14; 16.19, NVI).

Samuel declara: “Não se desviem, para seguir ídolos inúteis, que não têm qualquer proveito nem podem        livrá-los, pois são inúteis” (1 Sm 12:21, NVI).

Deus, por sua vez, tem vida em si mesmo. Céu e terra, obras de suas  mãos, hão de perecer, porém, Deus permanecerá (Sl 102.25-27). Ele não se tornou o Deus vivo por meio da criação do universo e das suas criaturas. Ele  é o único Deus vivo e o é eternamente.

3. Deus verdadeiro

Já vimos na pergunta anterior esse atributo do Senhor. Complementamos dizendo que Deus é exatamente como se revela, ou seja, ele não é falso, uma invenção ou mera imitação. Ele é o único Deus verdadeiro, distinto dos ídolos feitos pelas mãos humanas e dos falsos deuses nascidos da imaginação corrupta dos homens (Jr 10.10).

Deus não somente é como se revela, mas também as coisas que diz são exatamente como são. Deus age e fala dentro da verdade. Ele não pode mentir ou distorcer a verdade. Má interpretação ou falsidade são impossíveis em Deus. Ele não mente e não muda o seu propósito. Ele não é como os homens que continuamente mudam de opinião, se equivocam ou distorcem a verdade. Deus é verdadeiro e a sua palavra é a verdade imutável (Nm 23.19).

Considerando que o nosso Deus é verdadeiro e tudo o que ele diz é veraz, como cristãos devemos responder a isso estudando a Palavra da verdade (II Tm 2.15) e orando para que ele nos dirija a toda a verdade (Sl 86.11).

PARA REFLEXÃO:

Você conhece o Deus único, vivo e verdadeiro?
O que mais ocupa os seus pensamentos?
Você pensa nos atributos e na glória de Deus desejando honrá-lo na sua família e fazer a sua vontade na vida ou pensa mais sobre si mesmo, em seu sucesso, posses, entretenimento, “hobbies”, etc.?

Lembre-se de que tudo passa nessa vida e o que permanece é o relacionamento que temos com Deus. Jesus disse: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Mt 24.35)

segunda-feira, 9 de maio de 2016

MEDITAÇÕES NO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER - (PERGUNTA 4) - Professor Pádua


O homem para ser salvo e andar como tal precisa conhecer Deus. Jamais teremos conhecimento correto da salvação tendo noções distorcidas do Deus que salva. Então, qual seria a descrição confiável do Senhor? Como saber o que ele é? Jamais saberíamos se ele mesmo não se revelasse graciosamente a nós por meio das Escrituras Sagradas. São elas que nos informam quem Deus é revelando-nos os seus atributos. Os atributos são as qualidades ou virtudes ou perfeições que revelam o ser de Deus. A essência ou o caráter de Deus encontra-se em cada um de seus atributos.

Dessa forma, os atributos de Deus podem ser:

a) Incomunicáveis: são aquelas qualidades que distinguem Deus do homem, isto é, são exclusivas de Deus e não foram comunicadas ao homem;

b) Comunicáveis: são aquelas qualidades que fazem parte do ser divino e que foram comunicadas em alguma medida, pequena porção para sermos mais precisos, ao homem.

Entre os atributos incomunicáveis de Deus, registrados na resposta da pergunta 4 do Breve Catecismo, que demonstram a sua total independência em relação à sua criação, aprendemos que:

1. Deus é Espírito: isso significa que ele não possui natureza corpórea como os homens (Jo 4.24). Os anjos também são seres unicamente espirituais, porém são criaturas de Deus e dependentes dele. Os homens, além do corpo, possuem a parte imaterial: o espírito. A essência do homem é, portanto, composta da união do espírito com o corpo. Porém, ele está inserido nesse contexto e não pode sair dele. Isso o coloca também numa condição de dependência de Deus. Somente o nosso Senhor é espírito infinito e puro e possui natureza espiritual totalmente independente.

2. Deus é infinito: isso significa ser impossível medir ou quantificar os atributos do ser divino. A infinidade de Deus pode ser vista em relação ao tempo, sendo chamada de eternidade, e em relação ao espaço, sendo chamada de imensidão.

2.1. Deus é eterno: para o Deus eterno não existe passado, presente ou futuro, pois ele criou o tempo (Sl 90.2-4). Deus dura para sempre, sendo sem começo e sem fim. Ele não envelhece e não experimenta declínio. Quando passarmos por provações, devemos lembrar que elas são temporais, momentâneas comparadas com a eternidade de Deus. Somente devem ser motivo de preocupação as realidades que duram para sempre, como o nosso relacionamento com Deus.

2.2. Deus é imenso: essa característica assinala que Deus transcende ou vai além do espaço criado. Ele enche o céu e a terra, que não podem contê-lo (I Rs 8.27; Is 66.1, 2; At 7.48-50). A onipresença de Deus está relacionada com a sua imensidão, ou seja, Deus está presente em cada parte do espaço porque enche cada parte dele (Sl 139.7-10). É terrível para os ímpios saber que não podem ocultar-se de Deus e tudo está patente aos seus olhos (Hb 4.13). Para os crentes, a onipresença divina é motivo de conforto nas horas de aflição (Sl 46.1-5; Is 43.2). A onipresença de Deus é estímulo também para uma vida de santidade (Is 57.15).

3. Deus é imutável em seu ser: isso significa que Deus não é passível de mudança. Em Deus não há progresso nem retrocesso. Ele não experimenta aumento nem diminuição em suas capacidades (Tg 1.17). Por essa razão, podemos confiar inteiramente nele, pois ele não muda jamais (Sl 102.25-27). 

A Bíblia nos revela que Deus é imutável em:
a) seus decretos: os planos de Deus prevalecem sobre os planos humanos (Pv 19.21);
b) suas promessas: podemos ter certeza absoluta que Deus agirá de modo fiel, não aos homens, mas aos seus propósitos (II Tm 2.13);
c) seu amor: quando Deus põe o seu amor em alguém vai até o fim ou às últimas consequências (Jo 13.1);
d) sua verdade: a veracidade das palavras de Deus nas Escrituras permanecerão para sempre (Lc 21.33);
e) sua misericórdia: por isso Deus não a removerá de seu povo (Sl 103.10; Is 54.10).

A nossa confiança e descanso no Deus imutável auxiliarão nossos filhos e as pessoas que nos cercam a, observando-nos, agirem assim também. A força, a esperança e a coragem da Igreja no presente e para o futuro dependerão de como verá e aplicará o ensino da imutabilidade de Deus.

4. Deus é sábio: a sabedoria é o conhecimento aplicado nos vários eventos da vida. O conhecimento é o alicerce, a sabedoria é a construção. O conhecimento é a causa, a sabedoria é o efeito. Os homens possuem sabedoria, porém Deus é a sabedoria. Os homens adquirem sabedoria com os anos de vida, mas a sabedoria de Deus é eterna com ele e o acompanhou na criação de todas as coisas (Pv 8.22-31). A sabedoria divina é revelada de modo especial em Cristo. Jesus é a sabedoria de Deus para a salvação de pecadores (I Co 1.22-24). E a Igreja é a proclamadora dessa sabedoria de Deus (Ef 3.8-13). Sabem por que encontramos homens incultos que sobrepujam em sabedoria o erudito? Porque possuem o conhecimento da Palavra de Deus e o aplicam nas várias situações da vida (Sl 119.99, 100).

5. Deus é poderoso: o poder soberano de Deus é a sua capacidade de fazer acontecer o que determina que aconteça. Se manifesta no fato de levar a cabo o que deseja. Ninguém pode inclinar o coração de outra pessoa para fazer o que a primeira deseja, porém Deus pode fazer isso pelo seu poder (Pv 21.1). Somente Deus tem poder para penetrar no íntimo dos homens e imprimir neles a sua vontade (Ed 1.1-3). Deus criou todas as coisas e as preserva pelo seu poder (Ne 9.6). Além disso, em cada movimento que fazemos somos dependentes do seu poder (At 17.28). Em razão do poder de Deus, teremos conforto nas aflições e socorro nas tentações (Sl 46.1; 121.1, 2). Deus pode até nos ferir, mas é ele quem nos sara as feridas; ele pode nos dar a dor, porém dele vem a consolação. Portanto, confie, submeta-se e refugie-se no poder de Deus (I Pe 5.6, 7).

6. Deus é santo: Ser santo significa ser separado ou retirado do uso comum. Deus é santo porque é totalmente distinto e separado de suas criaturas. Essa santidade está vinculada ao seu ser glorioso e é, portanto, um atributo incomunicável (Is 57.15). Porém, Deus também é santo no sentido de estabelecer leis santas para os homens observarem. É esse aspecto da santidade de Deus que vamos refletir. Sendo assim, podemos dizer que a santidade divina é manifestada nas Escrituras Sagradas por meio dos mandamentos puros e santos que estabeleceu (Sl 19.8). Porque Deus é santo, a nossa maneira de viver e de lhe prestar culto deve ser conformada a esses mandamentos. De modo especial, a santidade de Deus se revela na redenção do pecador por meio da morte de seu filho na cruz. Jesus foi rejeitado para satisfazer as exigências da santidade divina (Is 53.3-5, 10). Foi a santidade de Deus que levou Jesus ao Calvário para ser punido em lugar de pecadores. Isso significa que, porque Deus é santo, tem perdoado o pecador, mas jamais deixado de punir o pecado, ou seja, para que o pecador fosse perdoado, Cristo tomou o seu lugar e pagou o preço da redenção.
Dessa forma, o reconhecimento da santidade de Deus é que nos tornará pessoas humildes e submissas a sua vontade (Lc 5.8).

7. Deus é justo: vinculada à santidade, a justiça de Deus se manifesta no fato de dar a cada um o que é devido. Se relaciona à distribuição da recompensa aos obedientes e do castigo aos rebeldes (Rm 2.5-8).  A recompensa dos justos não é baseada em seu mérito (Lc 17.10), mas é produto da graça divina (I Co 15.10). Deus retribui com bênçãos os crentes porque ele é fiel às suas promessas, ou seja, ele é fiel a si mesmo. Em nenhum momento, Deus se torna devedor aos homens por suas obras. A aplicação da penalidade aos rebeldes é o outro aspecto da justiça divina. Em razão da sua natureza, Deus está obrigado a castigar o mal assim como premiar o bem. O pagamento da desobediência à lei de Deus se observa em Rm 12.19 e II Ts 1.6-9. Sendo assim, a justiça divina nos motiva a testemunhar de Jesus para que o homem arrependido de seus pecados creia em Cristo e seja liberto da condenação eterna (At 3.19, 20; 17.30, 31)

8. Deus é bondoso: a bondade de Deus é a sua disposição favorável para com toda a sua criação. Essa bondade independe da motivação existente nas próprias criaturas. Os homens podem ser bondosos em alguns momentos, porém eles não têm o hábito da bondade. Já a bondade divina dura para sempre (Sl 52.1). Os animais são objetos da bondade divina (Sl 145.15-17). Por isso, ficamos indignados com maus tratos de alguns para com eles. Os homens, inclusive os que rejeitam a pessoa do Senhor, são objetos da sua bondade (Mt 5.45; At 14.17). Mesmo que não possuam um caráter salvador, Deus bondosamente concede bênçãos aos homens que os enchem de alegria (Sl 36.7, 8).
Por fim, ainda que os crentes não sejam os únicos a receber a bondade de Deus, são os únicos a reconhecê-la e a viverem de modo agradecido por ela (Sl 33.1-5).

9. Deus é verdadeiro: a verdade de Deus está intimamente relacionada à sua fidelidade, por isso as palavras do Senhor são fiéis e verdadeiras. Em outras palavras, quando a Bíblia diz que Deus é fiel está declarando que ele é verdadeiro em todas as suas afirmações. O homem continua sendo humano a despeito de não ser verdadeiro, mas a verdade é essencial em Deus que “não é homem para mentir nem filho de homem para se arrepender ...” (Nm 23.19). Deus é verdadeiro na aliança que estabeleceu com o seu povo (Dt 7.9). Deus é verdadeiro em relação ao que determinou fazer até o tempo do fim (Gn 8.22). Deus é verdadeiro em suas ameaças contra os que o rejeitam (Hb 3.11). Deus é verdadeiro em suas promessas de socorro ao seu povo (I Co 10.13). Desta forma, podemos confiar em Deus porque ele é sempre verdadeiro em tudo o que diz.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

MEDITAÇÕES NO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER - (PERGUNTA 3) - Professor Pádua



A base da nossa fé está na aceitação da veracidade da Bíblia como a palavra de Deus. É na Bíblia que encontramos o caminho da salvação e da vida eterna (II Tm 3.15).

Há dois ensinos importantes na Palavra de Deus que estão diretamente ligados: aquilo que devemos crer para salvação, ou seja, o que o homem deve crer acerca de Deus, e a fé que fundamenta a nossa nova vida em Cristo, isto é, aquilo que Deus requer do homem.

Quanto a crer acerca de Deus ou para a salvação, é preciso entender, primeiramente, a essência da fé salvadora. Conforme o ensino bíblico, crer para a salvação inclui três partes:
a) estar persuadido da verdade: ter a convicção de que a Bíblia é a verdade;
b) aceitar a verdade: reconhecer que a Bíblia é a verdade que vem da parte de Deus;
c) ter confiança na verdade: entregar-se a ela vivendo de acordo com o seu ensino.

É digno de nota que satanás atende aos dois primeiros requisitos do ato de crer, isto é, reconhece que a Bíblia é a verdade e que ela vem da parte de Deus. Porém, ele não se submeter a ela. Isso significa que não adianta aceitar a Bíblia como palavra de Deus e não se submeter a ela vivendo, conforme o seu ensino (Tg 2.19).

Sendo assim, devemos compreender, aceitar e confiar que Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário para pagar a penalidade do nosso pecado. Esta fé que é dom de Deus (Ef 2.8, 9) está relacionada ao novo nascimento em Cristo e faz diferença quanto ao lugar que vamos passar a eternidade, no céu ou no inferno.

 Após crermos para a salvação ou sermos regenerados por Deus por meio da fé salvadora em Jesus Cristo, precisamos saber o ele requer de nós. É por isso que o conteúdo da nossa fé, a nossa teologia, também é muito importante.

Infelizmente, há muitos que afirmam que o importante é Cristo e a teologia não interessa. Ao afirmarem isso, já estão adotando uma teologia para si. Ao dizerem dessa forma, baseiam a sua teologia em pressupostos do seu próprio coração e na sua experiência de vida.

Nós baseamos a nossa fé, a nossa teologia, na herança reformada fundamentada na depravação total homem (o homem é totalmente pecador), na eleição incondicional de Deus (Deus nos elege baseado em sua graça e não no mérito humano), na expiação limitada (Jesus morreu somente pela sua igreja ou apenas pelos eleitos de Deus), na graça eficaz (o Espírito Santo aplica eficazmente a salvação de Cristo no coração dos eleitos) e na perseverança dos santos (Deus guardará os seus até o fim e os conduzirá à glória celeste).

Portanto, sugerir que aquilo que cremos não é importante é um grande perigo que abre as portas da Igreja para heresias e “revelações” fora da Palavra de Deus.

Atualmente, muitas igrejas presbiterianas perderam a sua identidade reformada porque desprezaram os símbolos de fé como a Confissão de Fé, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo, que estamos estudando.

Isso tem gerado cristãos imaturos, incapazes de colocar em prática os ensinos bíblicos e sempre dependentes do “leitinho espiritual” quando deveriam tomar alimento sólido (Hb 5.11-14).


terça-feira, 3 de maio de 2016

MEDITAÇÕES NO BREVE CATECISMO DE WESTMINISTER - (Pergunta 2) - Professor Pádua



A forma que Deus estabeleceu para glorificá-lo e desfrutarmos da sua comunhão é o conhecimento e a obediência da sua Palavra que se encontra nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos. 

Esse meio estabelecido pelo Senhor deve ser a autoridade máxima sobre a nossa vida. Isso significa que a Igreja e a sua tradição não podem estar acima da Palavra de Deus. A nossa própria consciência precisa ser submissa a ela. Precisamos interpretá-la com a máxima objetividade não permitindo que os nossos pressupostos prevaleçam e direcionem a interpretação. 

Entendemos que a Bíblia, composta pelo Antigo e Novo Testamentos, é a Palavra de Deus. Por meio do seu Espírito, o Senhor inspirou os seus escritores de modo que a mente de Deus é o espírito das Escrituras. Isso significa que os autores bíblicos registraram somente aquilo que Deus quis.

Sendo assim, rejeitamos a idéia de que a Bíblia contém a Palavra de Deus no sentido de que a palavra do Senhor é apenas uma parte do seu conteúdo e o restante é formado de palavras de homens não autoritativas. 

Ao contrário, reafirmamos toda a Bíblia como inerrante, fonte única da revelação escrita de Deus e apta para constranger a consciência. Ela, sozinha, ensina tudo o que é necessário para nossa salvação sendo a referência do comportamento cristão (I Tm 3.16) 

Essa convicção de que a Bíblia é a Palavra de Deus, de que ela é perfeita, ou seja, não precisa de aumento ou diminuição, e infalível é uma obra do Espírito Santo em nosso coração. Por isso, somente o cristão a possui (I Co 2.14). 

Hoje em dia, há uma grande necessidade de que os crentes não somente creiam na autoridade da Bíblia, mas também vivam conforme o seu ensino. Não podemos servir a Deus somente com os nossos lábios e não servi-lo com o nosso coração (Is 29.13; Mt 7.21-23). 

Corremos o grande perigo de enfatizarmos a nossa herança teológica baseada em uma interpretação sadia das Escrituras e não praticá-la em nosso viver diário. Mais do que falar sobre Deus, precisamos caminhar com ele no dia-a-dia (Jo 17.3). 

Atualmente, a igreja enfrenta vários desafios: a) ênfase na prosperidade e não em mudança de vida; b) o crescimento imaturo e sem base bíblica das igrejas mais avivadas; c) a frieza daqueles que professam uma fé conservadora; d) o materialismo e o hedonismo (busca do prazer) da sociedade moderna; e) o crescente individualismo, indiferença e egoísmo das pessoas; etc. 

A única forma de encararmos esses desafios e superá-los será reconhecendo a autoridade da Bíblia e, em humildade, nos sujeitarmos ao seu ensino (Is 8.20-23).

sábado, 30 de abril de 2016

MEDITAÇÕES NO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER - (Pergunta 1) - Professor Pádua



O homem tem vários propósitos nesta vida (estudar, trabalhar, constituir família, etc.), mas o principal deles é o de glorificar a Deus. Isso decorre do fato de termos sido criados assim por ele. Glorificar a Deus é exaltar quem ele é, reconhecê-lo por seus atributos e colocá- lo em primeiro lugar em nossa vida (I Co 10.31).

De modo prático significa crer nele, confessá-lo diante dos homens, louvá-lo, defender a verdade da sua Palavra e viver as virtudes do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22, 23).

Além disso, devemos utilizar para Deus as capacidades que ele nos deu. Não fazendo isso por obrigação, mas motivados pelo seu amor revelado na morte de seu Filho para nos salvar (I Pe 4.10, 11).

Perceba que glorificar Deus precede o desfrutar de sua companhia e de suas bênçãos. O que vemos atualmente é justamente essa inversão, ou seja, as pessoas buscam as dádivas divinas sem terem compromisso com ele, sem glorificá-lo. Vamos memorizar um versículo a fim de não esquecermos que devemos adorar o Senhor com a nossa vida antes de gozar toda a alegria que ele pode nos oferecer: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo ...” (Sl 42.1.2a)

A lição dessa pergunta é mostrar que não basta afirmarmos a nossa fé em Deus se não vivemos para ele em nosso dia-a-dia. Isso explica o nível baixo de vida espiritual dos crentes, sua frieza e formalidade sem poder. O Breve Catecismo começa nos colocando no relacionamento correto com o Deus soberano: primeiro o glorificamos, depois, como resultado, gozamos de sua comunhão. Precisamos deixar as desculpas para justificar a nossa negligência no relacionamento com Deus (a falta de tempo, o estresse da vida moderna, as diversões, a preocupação com os negócios da vida, etc.) e colocar em prática o que a Palavra de Deus nos ensina. Sem isso, desfrutar a companhia do Senhor, que é o maior bem que existe (Sl 16.11, Sl 73.24-26), será uma realidade distante.

domingo, 3 de abril de 2016

O CEDRO E O CARDO - Rev. Ricardo Mota



“Então, Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, meçamos armas. Porém Jeoás, rei de Israel, respondeu a Amazias, rei de Judá: O cardo que está no Líbano mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo. Na verdade, feriste os edomitas, e o teu coração se ensoberbeceu; gloria-te disso e fica em casa; por que provocarias o mal para caíres tu, e Judá, contigo? Mas Amazias não quis atendê-lo. Subiu, então, Jeoás, rei de Israel, e Amazias, rei de Judá, e mediram armas em Bete-Semes, que está em Judá. Judá foi derrotado diante de Israel, e fugiu cada um para sua casa. Jeoás, rei de Israel, prendeu Amazias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Acazias, em Bete-Semes; e veio a Jerusalém, cujo muro ele rompeu desde a Porta de Efraim até à Porta da Esquina, quatrocentos côvados. Tomou todo o ouro, e a prata, e todos os utensílios que se acharam na Casa do SENHOR e nos tesouros da casa do rei, como também reféns; e voltou para Samaria." 2 Reis 14.8-14

Amazias estava se achando... Começou a reinar em Jerusalém com 25 anos. Logo deu ordens para que matassem os assassinos do seu pai Joás. Ele feriu dez mil edomitas no vale do Sal, mudou nome de cidades e tudo mais.

Então voltou os olhos para seus irmãos israelitas, quando Jeoás era rei e o desafiou. “Vamos medir as nossas armas” disse ele. Apesar de Jeoás, rei de Israel, não ter feito o que era reto perante os olhos do Senhor e, espiritualmente, não ser como Amazias, rei de Judá, Jeoás se mostrou mais sábio. Ao receber o recado desafiador e ameaçador de Amazias, Jeoás mandou um recado em forma de parábola. Comparou o Cardo e o Cedro do Líbano. Jeoás comparou Amazias ao Cardo, uma planta comum naquela região, que cresce nos locais rochosos, sobretudo em terrenos barrentos. O cardo é uma planta pequena e frágil com uma flor delicada apoiada no caule oscilante. Segundo a parábola de Jeoás, o cardo queria casar-se com a filha do cedro do Líbano. Veja que disparidade! Um cardo casar-se com a filha do Cedro? O cedro do Líbano é uma árvore majestosa, cuja madeira homogênea e aromática é utilizada em grandes construções, naquela época sua casca tinha uso e fins medicinais. Os animais então passaram e pisaram o cardo, destruindo-o com extrema facilidade. Com tal parábola, Jeoás deixou claro para Amazias que o seu coração estava envaidecido por ter derrotado os dez mil edomitas. O conselho irônico de Jeoás a Amazias foi: curta sua vitória em casa. Mas, não adiantou. Amazias não atendeu às palavras de Jeoás. Mediram, pois, as armas em Betes-Semes. O resultado foi ruim para Judá. Amazias foi derrotado, o “cardo” foi pisado. Amazias foi preso e seu tesouro foi levado como despojo para Samaria.

Um coração soberbo sempre traz resultados terríveis. O ensoberbecimento surge devido à má interpretação dos fatos. As conquistas alcançadas, a beleza exibida, o perfume exalado, o elogio recebido podem ser armadilhas se não forem interpretados corretamente. Amazias era jovem, forte e poderoso. Vingou o sangue de seu pai, derrotou dez mil edomitas e, então, pensou: eu sou o cara. O Senhor Jesus falou sobre a virtude de depender totalmente de Deus, de não se pensar de si mesmo, mais do que convém.

Ele disse: “Bem-aventurado o pobre de espírito, porque dele é o reino de Deus” (Mateus 5). Ser pobre de espírito não é ser ignorante ou andar maltrapilho. Ser pobre de espírito é ser totalmente dependente de Deus. O coração constrangido e contrito, Deus não despreza, mas, o soberbo se mantém longe de Deus. Somos cardos, necessitados da proteção de Deus.

Originalmente publicado em:
http://www.ipb.org.br/informativo/o-cedro-e-o-cardo-4128